sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Máscaras


Pensava sobre a morte, lembrando da vida. A morte era uma forma de escapar, sair de mim sendo eu até o fim. No fim de um dia. Recriar-me todos os dias para ter o prazer de deitar-me a noite, sabendo quem sou. Procurar em mim mesmo, respostas para as minhas perguntas e gostaria de saber que perguntas são essas; sabendo até onde sei que sou.
Sou por inteiro. Não conheço uma parte minha, logo não sou por inteiro. A parte que aqui fala, grita, e perturba constantemente, a necessidade de esvair e evadir. Como fumaça, intocável, mas levemente denso e discreto, conciso na existência. Existo. Por existir demais, não demonstro acreditar no que foge à realidade.
Disfarço. Muitas vezes sou o que desconheço ser e recrio a mim para poder encontrar de novo, montar o quebra-cabeças, viver a mesma vida com todas as máscaras. Máscaras são o grande mistério da humanidade. Essas demonstram emoções que precisam ser demonstradas e muitas vezes máscara nenhuma é necessária. Ao mesmo tempo que minhas máscaras ocultam a face, transparecem o que quero ser, o que quero estar sendo, mas sorrir chorando é quebrar o meu contraste, é quebrar-me.
Quebrar a máscara é me matar, na possibilidade de moldar minha face à máscara, é excluir um de meus lados e fazer uma careta. Assim ensaio para a vida. Mesmo no palco, a vida não é espetáculo, ou texto; sou eu em minha personagem, brincando de ser eu.
Se existem ou não pessoas na platéia, não importa. O que interessa é que elas não subam ao meu palco da vida, meu monólogo. Por isso testo máscaras, emoções... me testo no fim das contas. Essa é a minha existência, emocionar a platéia quando convir, me emocionar.

Felipe Peixoto

Nenhum comentário:

Postar um comentário