sábado, 4 de setembro de 2010

Criações

Como já estava pretendendo, vou criar uma parte do blog, que deverá ser semanal, com contos e textos de amigos ou os que eu escrever. Quem quiser mandar textos pro meu email felipepxnb@yahoo.com.br fique a vontade :]. Minhas sinceras desculpas pelo último post que pode ter sido desagradável.

Deitei-me com a cabeça limpa, livre de pensamentos. Depois daquele banho, como se a água levasse além do calor do meu corpo, os restos das idéias que ainda insistiam em gritar na minha cabeça. A toalha jogada na cama trazia cada detalhe. Cada cena, sorriso, abraço, bilhetes e cheiro.

Além da água, lavei a alma que zelo, para que não quebrasse e se desfizesse com o vento; guardada entra muros fortes, mantendo a essência frágil e incompreensível. Na realidade livrar-se de um fardo é lavar a alma, e naquele momento procurei o peso e medi as palavras. Talvez eu não tivesse nada por dentro e criei uma ilusão para preencher, confortar o coração vazio, ou mesmo algo gritasse lá dentro.

Poderia sim ficar dentro daquele quarto escuro, pelo resto da vida, assistindo a luz subir e descer entrando pelos buracos na parede. De cabeça limpa, os meus pensamentos não gostavam de permanecerem na escuridão. O que acontece, acontece e o surpreendente acontece para que possamos lembrar do passado.

Não quero mais. Não por ocorrer da maneira inesperada, mas por acontecer de novo da maneira errada. O passado serve para que não aconteça no futuro, e com a mesma facilidade que as coisas podem acontecer, elas podem desaparecer.

Meus pés estavam frios. Frios de medo, de raiva, de tristeza. Estavam quase como me sentia por inteiro: morto. Respirava normalmente mas morto de ideias e perspectivas, morto de inocência. Ingenuidade pensar que algo vai dar certo, por aparentar estar bem.

Não amaldiçôo o vento, nem a sorte ou o destino, porque até mesmo estes estiveram do meu lado. Amaldiçôo a mim mesmo, a minha insistência nos erros. Amaldiçôo cada passo de ingenuidade. Já não sabia ao certo o que sentia, já que tudo se misturava à água e descia pelo ralo, como um dejeto, um excremento. Assim devem ser os pensamentos podres, componentes da sujeira humana.

Tudo bem estar saem planos ou rumos de novo. Provável que a melhor parte seja reescrever tudo, passar a limpo. Mesmo a inocência tem sua pureza, de demonstrar tão bem o que guarda. Ela nunca funcionou como um muro, era mais um foco de luz. Tentar substituir a mesma história é burrice, loucura, insanidade até. Nada é igual apartir do momento em que nada já foi nada antes. Apagar as palavras e escrevê-las de maneira diferente não muda a história. E na realidade é isso que vejo naquela toalha. Algo que enxuga as últimas gotas de decepção lavada. E ali elas irão secar ao sabor do vento, para que possa trazer o mesmo ar depois. Escrever outra história nas linhas erradas.

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