Tropa de Elite 2, sem dúvida o melhor filme nacional e um dos melhores filmes que assisti. O filme supera muito o primeiro e mostra a realidade brasileira de perto, apesar de "meras coincidências com a realidade" da obra de ficção (como aparece na introdução do filme). Essa é a realidade. Apesar de não morar no Rio de Janeiro e não conhecer bem essa realidade de perto, já ví e ouvi acontecer parecido aqui em Fortaleza. O filme começa falando sobre direitos humanos, mostrando os dois lados da moeda e deixa várias questões soltas. Até que ponto os direitos humanos devem interferir nas decisões sociais? Até que ponto devemos ter o controle e a decisão sobre quem deve morrer e quem deve viver? As penitenciárias são realmente locais que são apropriados para os presos, ou deveriam ser lugares isolados e que aos poucos transformasse a vida dessas pessoas?
A realidade das penitenciárias brasileiras é bem séria hoje. A principal preocupação é a superlotação dos presídios. Depois do filme, fiquei me perguntando sobre as atividades dentro dos presídios. É uma prisão mental que também impossibilita de pensar, de tentar escapar da realidade, de tentar ver o mundo de outro jeito. A realidade da maioria dos presos sempre foi morte, drogas, estupro e outros acontecimentos bizarros. E porque não haver uma oportunidade oferecida a essas pessoas? Será que elas não merecem mais de maneira alguma a confiança da sociedade?
Depois que o cara foi preso, fez barbaridades, como fica a situação dele lá fora? Será que ele tem muito mais oportunidades do que antes de ser preso? Eu duvido muito que ele consiga um emprego. Ao mesmo tempo que vêm o sentimento de culpa pela falta de oportunidade dessas pessoas, vem o medo de arriscar, o medo de perder a vida. E direitos humanos devem existir para alguém que realmente mereça. Como assim? Será que vale a pena arriscar a vida de várias pessoas por causa dos "direitos humanos" de um cara que foi capaz de cometer vários crimes? Os direitos humanos não estão dando uma colher de chá, eles estão dando a xícara inteira em muitos casos.
O filme passa por toda uma confusão e chega a um outro ponto: a corrupção de policiais. Todos nós já sabemos disso e infelizmente fazemos vista grossa. Policiais do Ronda do Quarteirão (uma polícia de "emergência" do Ceará ) que chegam a negociar com traficantes e bandidos. Negociam o medo de proteger a população e o medo de arriscar suas vidas estando num trabalho que se propunham a fazer. Falta a capacitação desses policiais. No filme essa situação toma proporções maiores, o que pode acabar acontecendo mesmo. Depois do clímax do filme, tudo termina na política. Políticos corruptos, policiais corruptos e pessoas corrompidas: essa é a realidade do país. Em época de eleição tudo fica mascarado e o país fica perfeito, as propostas estão cumpridas e tá todo mundo feliz. Não tá! Isso aqui tá uma merda!
É impressionante a quantidade de corruptos nesse país, e como foi dito, ainda vai demorar pra que eles saiam. Infelizmente eles só saem se fizermos a nossa parte.
É tanto dinheiro que ninguém imagina e porque não foi feito nada ainda sobre tudo isso? Porque ninguém tá fazendo nada? Porque todo mundo tá acomodado com essa situação?
Tudo só depende de nós.
Curiosidades sobre o filme:
A maioria das pessoas foi querendo ver muita porrada, e o filme foi bem mais intelectual, logo muitas pessoas entenderam nada.
As propagandas escondidas no meio do filme, deixaram um filme nacional mais "americanizado"
O cálculo feito pelo personagem Fraga na aula não tinham fundamentos sociais concretos, só eram estatísticas sem avaliar o caráter geográfico/social do país.
A Globo participa da produção do filme, e no filme a imprensa é completamente imparcial, só repassa os fatos e descobre a verdade, sem nenhuma distorção e ainda passa uma imagem de jornalistas coitadinhos, com a personagem Clara.
O filme não tem uma visão imparcial sobre os direitos humanos, assumindo que direitos humanos é defesa de "vagabundo".
Felipe Peixoto