segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Antítese


O mundo não volta atrás. Melhor assim, pelo menos a vida passa. É acordar de um sonho, que parece mais um pesadelo. Assim aparece a realidade. Entendi, finalmente. Esperança é uma projeção do que queremos que aconteça, fazer acreditar que pode acontecer diferente quando na realidade, tudo não passa de uma ilusão. Os abraços, sorrisos, brincadeiras... engraçado como quando lidamos com a verdadeira realidade ela dói. Na verdade eu nunca tive ninguém que pudesse me confortar, e ainda acho que talvez eu seja muito pouco para as pessoas. Ser muito pouco... sérias dúvidas sobre ser ou não problema.
Egoísmo. Isso faz valorizar o ego e esquecer o mundo e assim, as pessoas talvez reconheçam os valores. É toda essa podridão, essa imundície de valores hipócritas que cansam a paciência de aceitar sorrisos mascarados, e tantas palavras bonitas cuspidas.
Desisti de acreditar nas pessoas. Talvez por estar muito fora desse mundo, por estar fora do meu tempo, estar fora das ideias que deveria ter. Então porque não sair logo de vez de tudo isso? Era tudo o que eu precisava ter: a certeza da sinceridade de tudo. Chorar é quase impossível. Depois de ser tão pisado, a única ideia que vem à cabeça é como diminuir toda a dor.
Agora sei o que é chorar por dentro. Eu desisto... de mim, da minha vida, de valores, de tudo. Esse é o preço de se acostumar com a solidão. Só ela vale tanto. Com ela não me decepciono, não erro, não me engano. Estar doente da alma, talvez, mas antes doente da alma do que ser ferido até quase a morte dos pensamentos. É essa doença, que espalha e devora tudo por dentro. Deixo consumir cada parte, lembrança e qualquer alegria que surja. Não vou mais externar lágrimas, elas só demonstram para as pessoas a nossa tristeza, e nem tristeza quero ser capaz de sentir. A vida pode ser sem graça sem sentimentos, mas é muito menos decepcionante. Acho que no fim das contas sou muito pra mim.

Felipe Peixoto

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