domingo, 31 de outubro de 2010

Antes de amanhecer, sempre há estrelas




Apagam-se as luzes do mundo e vem o laranja colorir o céu. O sol se põe da mesma maneira todos os dias, mas especialmente em um único dia, podemos parar para perceber que ele está alí, e que deixamos a beleza daquele momento passar. Quantas pessoas simplesmente passam todos os dias e nunca paramos para observar a sua beleza de ser? O mundo cansa de cópias, e porque não ser o que quero ser? O agrado é uma simples ilusão. A vida é não ter medo de sorrir, de falar, de abaixar a cabeça, de ser sincero. É não ter medo.
Interessante que ao anoitecer, percebemos devagar, todas as estrelas. Elas aparentam ser várias novas esperanças para um novo começo; mas o que realmente importa, vem quando o sol aparece: uma luz ofuscante e que vai colorindo tudo e dando espaço para a visão contemplar o espetáculo que é viver. Ao mesmo tempo que estrelas representam novas esperanças, elas representam quem são as únicas luzes quando a noite cair. O número delas parece não ter fim, e a cada dia pensamos perceber algumas a mais. Representam o conforto de quem acompanhará a escuridão e logo depois, quando o sol surgir, aparentemente irá sumir. Quase sempre é assim: nos ofuscamos tanto com o sol, que ficamos cegos e não enxergamos as estrelas à noite.
A noite passa rápido todos os dias, mas há dias em que queremos prolongá-las ao deitar na cama. Os pensamentos sempre vêm quando menos esperamos. As maiores riquezas da vida são as que menos importam. Muitas vezes basta olhar nos olhos, receber um sorriso, ter um amigo por perto, deitar no chão e olhar o céu, simplesmente admirando-o por ser azul. Recriminando-o por sempre ser azul. Tomar um sorvete na calçada de cada, sentindo o calo esvair-se.
O degradee do céu da tarde parece revelar nossas decisões. Somos contraditórios de amadurecimento e experientes demais em ouvir: começamos ouvindo todos e perdemos, por não agir como queremos; depois não escutamos ninguém, agindo por nós mesmo e nos decepcionando com decisões erradas; no fim, acabamos perdidos, sem saber o que fazer e no meio da confusão encontramos tantos outros perdidos, dispostos a traçar novos caminhos conosco. Perdido assim, melhor não pensar em nada, só lembrar das estrelas antes do amanhecer e de quem realmente faz o sol passar despercebido, mesmo estando mais distante.

Dedicado a Mythos, Ovo Frito, Pantera e a todos que estiveram sempre do nosso lado.
Felipe Peixoto

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