quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Espelho


A água cai na pia, descendo pelo ralo. Pego um pouco com as mãos e lavo o rosto. Olho o espelho. Quem é esta imagem? Quem eu demonstro ser, afinal de contas? Sou parte de toda essa atuação.
Preciso ver esta minha imagem? Preciso ver o meu espelho para tentar satisfazer a minha vontade de ser? Atuar é fácil para alguns. Entrar em um mundo diferente e fingir viver outra história talvez seja a melhor forma de viver: transitando entre opiniões e vidas. Difícil mesmo é assumir a própria existência, deixar ser somente o ego, sem olhar a imagem do espelho. Ainda há aqueles que não negam a sua existência e nem fantasiam outra; apenas não deixam levar por quaisquer dos lados.
O mais interessante do espelho é que ele mostra o segundo mundo, sem direito a recriações. É o direito de assistir, pelos dois lados, à vida por um espaço. É perder-se entre os lados, para mudar um deles vendo o outro. O direito de enxergar-se por um instante. O direito de ser.

Felipe Peixoto

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